sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Pai Joaquim de Aruanda - "Não devemos lamentar o caminho "



Para mensagem em vídeo: 


Nos altos relevos se encontram as vistas mais belas. Mas para chegar até lá haverá sempre uma grande subida. E embora o trajeto possa ser inseguro, muitas vezes pesado, aquele que não lamenta sua sorte sempre terá a paz de encontrar ao lado a esplanada, o ponto de apoio, que trará alívio e paz para o descanso da caminhada já realizada. 

Mas ao ficarmos a olhar ao horizonte para ver a distância que nos falta a ser percorrida podemos nos entristecer e desistir de chegar até a bela vista que nos aguarda.  Por isso, aqueles que baixam a fronte ao chão que os avizinha andam com maior suavidade no coração, seguem com mais força. 

Sim, filhos, os humildes baixam a fronte para andar com mais leveza diante das dificuldades. Não olham tanto ao horizonte, nem ao que resta a caminhar. 

Quando baixamos a guarda pelas dificuldades que temos à frente e somos capazes de, com humildade, dar um passo de cada vez, a mente não será capaz de nos dizer que é impossível se chegar ao destino. Por isso que aquele que simplesmente caminha chega, enquanto aquele que vê um objetivo e o persegue, muitas vezes desanima e retorna. 

É isso que vim a lhes dizer, de maneira humilde e simples, que a beleza está no caminhar e aquele que não olha ao horizonte, mas caminha, vê tudo com resignação de quem se adianta à sorte da penumbra que poderá o perturbar. 

Vejam que os desafios se fazem mais leves aos humildes de coração, pois esses não ficam olhando ao horizonte, buscando um objetivo, eles andam com paz e humildade. E para estes há apenas o trajeto, não há a distância a ser percorrida. E embora o alívio possa não vir imediatamente, sempre haverá um próximo passo ou quem sabe uma sombra a se sentar. 

Tudo é simplesmente nossa vibração, filhos, porque é isso que faz a realidade. Aqueles que querem chegar a um lugar estarão muitas vezes a se queixar das dificuldades, a ansiar, mas não aquele que anda com resignação. Estes poderão encontrar um fruto no caminho, ou uma flor a o renovar com seu perfume. A felicidade é mais simples para aqueles que não olham muito ao horizonte, que olham ao chão, pois não olhar a distância permite caminhar sem resmungar. 

Por isso, filhos, sempre que estivermos a olhar ao horizonte, a criar objetivos, a ver imagens daquilo que almejamos, estaremos correndo o risco de cair no desanimo da vida. Mas quando o caminhar se liberta do horizonte esse risco não existe, pois a liberdade de irmos adiante sem esperar o onde ou quanto, apenas indo em paz, estará sempre nos renovando. Não há pressa para esses, não é? 

Esses sabem que sempre haverá uma forma de se chegar. Sempre haverá um atalho, alguém que ajude e estenda a mão, que os empurre. Então jamais estarão sozinhos, jamais estarão desanimados pelas dificuldades do caminho e simplesmente continuarão com confiança. 

Nesse estado de resignação darão um passo e outro, sem muito bem saber para onde, sem pensar quantos ainda virão. E para esses é mais simples que o universo dê um jeito de diminuir a quantidade de passos. E como isso é feito? Não há explicação como será! Basta continuar a caminhada. 

Aquele que lamenta sua sorte fecha as portas da providência, diminui o que vibra e dificulta o que poderá vir até ele. 

Então, filhos, que possamos caminhar com essa soltura, sem lamentações, sem olhar quantos passos foram dados e também quantos virão. E que tenhamos a humildade do coração de simplesmente caminhar, atentando-nos aos frutos do caminho para que, com gratidão, possamos saboreá-los. 

E que assim possamos caminhar com alegria e paz interior. Que estejamos guarnecidos com o melhor que o caminho nos oferece no agora, porque isso é tudo que temos. 

Pai Joaquim de Aruanda 
  
Thiago Strapasson – 04/01/2018 

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Porque ainda há escuridão em nosso interior? – Thiago Strapasson




A escuridão, o medo, não existem por si sós, pois são apenas a representação da ausência de algo. E a ausência não existe por si só, pois basta que haja luz que ela se dissipa. 

Por isso a treva não é algo palpável, existente, não é algo que se lute contra, pois é apenas uma ausência, algo que não existe, um vácuo de luz. 

Compreender nossas dificuldades interiores é falar sobre aquele ponto que ainda não compreendemos, não completamos e não iluminamos. É falar sobre a carência, sobre a ausência e sobre aquilo que não é e que, portanto, não pode ser destruído. Pois como se destrói algo que não existe? 

Aquele que luta contra sua escuridão está apenas buscando maneiras de apaziguar sua própria dor. Mas não percebe que as trevas são apenas um reflexo daquilo que não somos e que está apagado em nossa existência. 

Lutar contra a dor, a angústia, a ansiedade, o desamor, contra as trevas, significa apenas criar mais espaço ausente de luz. A treva precisa apenas ser iluminada e nada mais. Porque ela não existe por si só, e sim é apenas algo que negamos e deixamos de iluminar. 

É por isso que os Mestres de Luz não falaram de trevas, mas sim de iluminação. Eles iluminaram aquilo que estava apagado. E somente iluminamos o caminho quando falamos de luz, pois falar de trevas é falar sobre aquilo que não existe e está ausente. 

As trevas estão em nosso interior porque há pontos que não fomos capazes de iluminar, de banhar com nossa própria luz. São dons amortecidos que ficaram apagados em nosso interior e que nos conduzem à ira, à ganância, à soberba, à inveja e a tantos outros vícios que mostram apenas aquilo que precisa ser iluminado. 

É por isso que não adianta lutar contra nossos sentimentos, contra aquilo que somos. Se sentimos cólera, raiva, ódio, não somos capazes de lutar contra isso, pois significa apenas que tocamos um ponto de ausência de luz. Algo nos conduziu a um medo, a uma dor, a uma ausência daquilo que somos. E assim nos tornamos esse algo que não representamos. 

E é por isso também que não conseguimos modificar nossos comportamentos inferiores com facilidade, que sempre manifestamos os mesmos vícios ainda que haja um desejo sincero de modificação. É apenas algo que precisa ser iluminado, uma contradição. 

Mas então como iluminamos as trevas? Pois se somos amorosos e não raivosos porque repetimos esse padrão de cólera, de mesquinharia, de ganância, etc? Simplesmente porque tocamos nossas trevas interiores e não nos silenciamos a permitir a compreensão de nossas dores. 

É no silêncio, na compreensão de nossas dores, que buscamos a origem de nossas trevas. Não é lutando contra um sentimento, não é o negando. Mas sim o deixando aflorar, brilhar, que encontraremos a luz a iluminar nossas dores, a apagar nossas trevas. E assim nos faremos luz e a tudo a nosso redor. 

Thiago Strapasson – 31/12/2017 

Fonte: coracaoavatar.blog.br