A escuridão, o medo, não existem por si sós, pois são apenas a representação da ausência de algo. E a ausência não existe por si só, pois basta que haja luz que ela se dissipa.
Por isso a treva não é algo palpável, existente, não é algo que se lute contra, pois é apenas uma ausência, algo que não existe, um vácuo de luz.
Compreender nossas dificuldades interiores é falar sobre aquele ponto que ainda não compreendemos, não completamos e não iluminamos. É falar sobre a carência, sobre a ausência e sobre aquilo que não é e que, portanto, não pode ser destruído. Pois como se destrói algo que não existe?
Aquele que luta contra sua escuridão está apenas buscando maneiras de apaziguar sua própria dor. Mas não percebe que as trevas são apenas um reflexo daquilo que não somos e que está apagado em nossa existência.
Lutar contra a dor, a angústia, a ansiedade, o desamor, contra as trevas, significa apenas criar mais espaço ausente de luz. A treva precisa apenas ser iluminada e nada mais. Porque ela não existe por si só, e sim é apenas algo que negamos e deixamos de iluminar.
É por isso que os Mestres de Luz não falaram de trevas, mas sim de iluminação. Eles iluminaram aquilo que estava apagado. E somente iluminamos o caminho quando falamos de luz, pois falar de trevas é falar sobre aquilo que não existe e está ausente.
As trevas estão em nosso interior porque há pontos que não fomos capazes de iluminar, de banhar com nossa própria luz. São dons amortecidos que ficaram apagados em nosso interior e que nos conduzem à ira, à ganância, à soberba, à inveja e a tantos outros vícios que mostram apenas aquilo que precisa ser iluminado.
É por isso que não adianta lutar contra nossos sentimentos, contra aquilo que somos. Se sentimos cólera, raiva, ódio, não somos capazes de lutar contra isso, pois significa apenas que tocamos um ponto de ausência de luz. Algo nos conduziu a um medo, a uma dor, a uma ausência daquilo que somos. E assim nos tornamos esse algo que não representamos.
E é por isso também que não conseguimos modificar nossos comportamentos inferiores com facilidade, que sempre manifestamos os mesmos vícios ainda que haja um desejo sincero de modificação. É apenas algo que precisa ser iluminado, uma contradição.
Mas então como iluminamos as trevas? Pois se somos amorosos e não raivosos porque repetimos esse padrão de cólera, de mesquinharia, de ganância, etc? Simplesmente porque tocamos nossas trevas interiores e não nos silenciamos a permitir a compreensão de nossas dores.
É no silêncio, na compreensão de nossas dores, que buscamos a origem de nossas trevas. Não é lutando contra um sentimento, não é o negando. Mas sim o deixando aflorar, brilhar, que encontraremos a luz a iluminar nossas dores, a apagar nossas trevas. E assim nos faremos luz e a tudo a nosso redor.
Thiago Strapasson – 31/12/2017
Fonte: coracaoavatar.blog.br