domingo, 7 de agosto de 2016

Mabel Cristina Dias - "Sinais da Iluminação"


Depois do despertar

A iluminação parece ser o objeto de desejo de muitas pessoas na atualidade.

“Muitas” talvez seja um termo superlativo neste caso.

A esmagadora maioria quer mesmo é conforto material e emocional.

Vou mudar a colocação, então.

“Algumas” pessoas querem a iluminação.

Assim fica bem melhor!

Mas a questão central aqui é: quem está cobiçando a iluminação?

Quem faz dela uma meta a ser alcançada num futuro distante?

Quem a usa como uma ferramenta para conseguir seus propósitos imediatos ou como um bote salva-vidas?

O ego.

O ego é tão ardiloso que faz da iluminação um novo entretenimento, uma nova distração para a pessoa.

Por isso ela pensa que precisará de horas de meditação, retiros, viagens, leituras, mantras, incensos, aconselhamentos com vários mestres e gurus antes de atingir a sua meta: o despertar.

Quando estamos dormindo, de quantos despertadores necessitamos para acordar e começar o dia?

De apenas um, certo?

Mesmo que alguns usem o botão “soneca” e consigam retardar o inevitável por mais uns cinco ou dez minutos, tem uma hora em que é preciso abrir os olhos, por mais cansado que se esteja, por mais sofrido que isso seja.

Não dá para continuar dormindo por horas, dias, anos, encarnações. Se não acordar, as costas vão doer, a cabeça vai latejar, o estômago vai roncar.

Com a iluminação deveria acontecer o mesmo. Percebeu, mesmo que de relance, que terá que despertar em algum momento, por que adiar o inevitável?

O ego, meus amigos, é capaz de tudo para tornar a jornada em direção à individuação um verdadeiro espetáculo. Para alguns o cenário é mais glamoroso; para outros, o processo se torna um épico digno de Hollywood.

Contudo, todos os comemorativos necessários que o ego requer para se aproximar do amor do Todo - que é você mesmo- acabam servindo apenas como mais uma distração.

Para algumas pessoas, a jornada em busca do Self torna-se um drama, com muito sofrimento, sacrifícios e mortificação. Isso é pura resistência, não precisa ser assim.

Não podemos perder o foco. Não é preciso morrer, é preciso integrar. Só que o ego tem muita dificuldade de entender o que é integração. Ele só entende os opostos: vida ou morte.

Após a iluminação ele continuará existindo para cumprir o papel a que se destina: servir à consciência ao qual está subordinado.

Quando queremos despertar, fazemos isso até mesmo sem relógio. Basta dar um comando para a mente e acordamos no horário certo.

Assim, quem quer realmente se iluminar, o faz.

E o que é a iluminação? É reconhecer sua natureza espiritual. É compreender que toda a matéria é uma manifestação do espírito. É aceitar que estamos todos interconectados na profundeza da realidade. Não intelectualmente, é uma compreensão profunda que vem do coração e de todas as células do corpo.

Essa compreensão jorra como alegria pura. Uma alegria que está sempre presente, mesmo quando se está sério.

E passada a efusão de energia transbordante, qual o próximo passo depois de despertar? Começar o dia.

Assim como fazemos sempre, só que com uma nova visão.

Comer, tomar banho, estudar, interagir, trabalhar, auxiliar. Como sempre, mas outra qualidade.

Após a iluminação, seus problemas desaparecerão da noite para o dia.

Entenda: eles continuarão lá onde você os deixou, afinal não passam de  situações criadas por você com um nível inferior de consciência, mas deixarão de impactar sua vida.

Porque todos os problemas são criados na mente e existem na mente.

A sua realidade é moldada pelo conteúdo que há nela.

Todo sofrimento é filho da mente condicionada, do ego, do medo.

Quando se expande a percepção da realidade, os problemas antigos deixam de ser problemas e com o tempo a pessoa para de criar novos problemas.

Tudo vai se ajeitando naturalmente, no tempo certo para a matéria responder aos novos movimentos da consciência.

Sendo assim, o que você está esperando?

Mabel Cristina Dias



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