Pergunta
do participante: Eu
tive um maravilhoso gostinho de sincronicidade no retiro de silêncio. As
perguntas passavam pela minha cabeça e eram respondidas pelo mundo interno ou
externo. Agora estou aqui precisando decidir coisas, mas me sinto um pouco
perdida. Tomar decisão é sempre um lugar onde minha mente me pega e me traz
confusão. Como posso saber o que é da minha mente e o que é do meu coração?
Quando ficar passiva ou quando devo fazer algo? Algumas coisas precisam ser
decididas e requer alguma ação da minha parte, por exemplo: devo ir para casa
como eu planejei ou devo estender a minha viagem? Você pode clarear em como
lidar com a tomada de decisão?
Prem
Baba: Essa é uma
questão realmente significativa, pois a todo instante estamos diante da
necessidade de tomar alguma decisão. Estamos trabalhando para que toda a
decisão seja tomada a partir da presença; para que a consciência amorosa possa
fazer a escolha, mas nem sempre é possível estar nessa presença, até porque
determinadas circunstâncias rebaixam a consciência.
Quando
você está em um campo de prece, a consciência se expande e você pode facilmente
ouvir o coração ou estar atento às sincronicidades. Atento aos sinais que é a
forma como o Universo conversa com você, porque ou o Universo responde suas
questões através da sua intuição, ou através de sinais claros do mundo externo.
Mas requer um determinado estado de atenção para poder ler tais sinais, e dependendo
das circunstâncias essa atenção é roubada.
Você
não consegue perceber esses sinais, mas também porque muitas vezes você não tem
mesmo o conhecimento necessário para poder te guiar nestas passagens.
Observe
que sempre que existe a necessidade de fazer uma escolha, aquele lugar que
realmente é onde você deve ficar tem uma luz, ele irradia uma luz. O caminho
para aquela direção, que é a direção que você deve seguir, tem uma rara
luminosidade, uma luz que você pode perceber com os seus sentidos físicos; pode
perceber até mesmo com os seus olhos físicos.
Percebe
que tem um brilho diferenciado, as cores ficam mais vivas e essa luminosidade
ativa uma alegria; ativa um conforto. Ativa um “bom” dentro de você que é quase
como um magnetismo te levando naquela direção. Isso significa que ali tem algo
para você aprender.
Às
vezes, você não está em condição de perceber essa diferenciação porque a
consciência está muito rebaixada, e então nesse momento você vai fazer uso da
oração: “Por favor, me mostre”. Joga cara ou coroa e arque com as
consequências, porque faz parte do aprendizado.
Essa
percepção da luminosidade, que são as setas que indicam o caminho, vai se
tornando cada vez mais pronunciada; cada vez mais fortalecida na medida em que
você vai purificando o seu coração. Todo o trabalho que temos feito aqui são
para acordar os valores, os valores da alma; são justamente para abrir este
canal da intuição.
Estamos
nos movendo em direção à fonte eterna do amor. Eu tenho chamado este lugar
dentro de nós mesmos de coração. O coração é um símbolo que representa a
totalidade, a realidade maior de quem somos. Estamos nos movendo em direção a
esta realidade maior de quem somos. A intuição é a voz que vem desta fonte; é a
voz do silêncio; é a voz do coração. Então, nós estamos limpando o caminho para
poder chegar à Fonte.
Eu
estou propondo que a gente trabalhe limpando seis vias de acesso; proponho
trabalhar para desenvolver honestidade, auto responsabilidade, dedicação,
serviço, gentileza e beleza. Eu tenho dito que estas vias nos levam até os três
principais portais do templo: o perdão, a gratidão e a fé. Através desses
portais a gente entra no centro onde está o amor e a liberdade; onde está a paz
e a prosperidade.
Durante
esses dias eu quero retomar estes pontos com vocês, porque é uma forma bem
objetiva e prática de trabalharmos, para podermos nos mover dentro da esfera de
cura, e consequentemente poder ativar a lembrança de quem somos.
Eu
tenho dito que a fase zero do processo é o cultivo do silêncio. Ele tem o
objetivo de desenvolver principalmente concentração, porque a concentração é a
base para a experiência da meditação.
Para
meditar, se faz necessário relaxamento e concentração. Eu considero que o
relaxamento é mais fácil de ser experienciado. A concentração requer algum
esforço, porque a mente é um poder que está desgovernado há muito tempo, e até
que você possa governá-la novamente, faz-se necessária a disciplina.
Eu
tenho ensinado várias maneiras para você desenvolver concentração, várias
formas para você abrir o espaço da experiência da meditação, sendo que a mais
simples de todas é você estar fazendo um minuto de silêncio antes das
principais atividades do dia.
Pelo
menos cinco minutos de silêncio divididos em cinco períodos de um minuto. E
aqueles que já podem dar mais, vão dando mais até chegar naquilo que eu
considero que seja o ideal, que são duas horas de meditação por dia. Uma de
manhã e uma à noite. Você vai evoluindo e crescendo nesta prática concentrado
na respiração, focando no vazio – vazio e respiração, respiração e vazio.
Eu
quero poder transmitir de uma forma bem didática, como você pode evoluir neste
caminho do coração. Partindo da fase zero que é o cultivo do silêncio,
desenvolvendo concentração e trabalhando nas vias de acesso à fonte eterna.
Começando com a honestidade, com a auto responsabilidade que são as duas
principais virtudes, que sem elas nada é possível dentro do caminho da auto
realização. Sem essa disposição para a honestidade e para a auto
responsabilidade não é possível evoluir nem que seja um milímetro. Tudo o que
se adquire que não passa pela honestidade e auto responsabilidade é ilusório.
É
muito fácil se enganar neste mundo, muito fácil. A única forma de você
identificar se de fato você está evoluindo, é se está deixando de repetir
padrões negativos; se você está deixando de atrair situações negativas que você
já conhece. Você já vem lutando conscientemente para interromper.
Essa
é uma forma muito boa de você checar. E obviamente verificar se o medo está
diminuindo; se você está podendo se doar de forma realmente desinteressada; se
está podendo ouvir o coração; podendo ter relações transparentes; ser
espontâneo, sentir o gosto da liberdade. São várias coisas que podem te ajudar
a perceber se você está realmente evoluindo nesta jornada.
Então,
voltando para a questão: quando você não consegue de maneira alguma ter
clareza, eu sugiro que você não tome uma decisão, que você não faça nada até
que esta clareza chegue. Mas quando envolve prazo, quando você está sob a lei
do tempo do relógio e precisa tomar uma decisão, e mesmo tendo feito uso da
oração e não obteve resposta, siga o que já estava designado. Não se deixe
levar pelo arrependimento.
A
escolha é uma das questões mais delicadas deste mundo. É através das escolhas
que nós nos movemos e ao mesmo tempo parece um grande paradoxo, porque
dependendo da escolha que você faz, você descobre que independente dessa
escolha, as coisas acontecem do jeito que tinham que acontecer.
Porque
parece que estava tudo designado; que tinha um plano bem traçado. E parece que
o sofrimento é justamente quando você evita fazer a parte que lhe cabe dentro
deste jogo. Parece que a escolha está a serviço de nos levar para aonde a gente
tem que ir, mas muitas vezes fazemos o uso equivocado deste poder de escolha, e
é por isso que você está preocupada. Você quer justamente evitar fazer um uso
equivocado deste poder de escolha, mas às vezes a única maneira de você
encontrar o caminho certo “é errando”; é escolhendo o “caminho errado”; “é se
permitindo errar.” Claro que é louvável você querer escolher “o caminho certo”,
até porque nesta altura da jornada você já sabe que existem dois tipos de
karma: um que te libera e outro que te aprisiona.
Então,
será que esta escolha está te levando em direção à liberdade, ou será que ela
está te aprisionando ainda mais? Quem está escolhendo é a sua consciência
amorosa, ou é o medo ou o ódio dentro de você? A escolha é uma ação, ou uma
reação? Quem em você está escolhendo? Quem em você quer ficar? Quem em você
quer ir? Claro que se é o falso ‘eu’ que está fazendo a escolha, se é o medo e
o ódio que estão fazendo a escolha, você está se aprisionando ainda mais, mesmo
que esta escolha pareça a mais maravilhosa das possibilidades, porque essa
maravilhosa possibilidade é só uma fantasia criada pelo falso eu. Quem em você
está escolhendo?
Trabalhe
para se mover conscientemente, mas não se cobre quando isso não é possível. Não
se culpe e não se puna quando isso não é possível, até porque a escolha errada
também está certa, pois ela está te ensinando a enxergar coisas que antes você
não enxergava; está ampliando a sua capacidade de discernir. Está te dando
elementos para você poder fazer uma diferenciação, a ponto de você enxergar a
luminosidade do caminho certo; de você realmente acordar a percepção em um
nível tal que não tem mais como ter dúvidas. Porque você olha para um lado e
olha para o outro – o lado que não é para você ir, porque é o lado que vai
gerar karma que te aprisiona, está sem luz; está no escuro. Está lhe dando
sinais claros que não é para você ir. Tem feras no caminho, tem serpentes. E o
outro caminho tem uma luminosidade. Uma luminosidade que te inspira.
Durante
um determinado estágio aquele ‘eu’ que está viciado na confusão e no
sofrimento, muitas vezes, gera uma confusão na sua mente e você acaba até
achando que está vendo uma luz naquela direção que não é para você ir.
Você
acredita que está vendo uma luz, assim como você acredita que está vendo alguma
coisa errada no caminho que é para você seguir. Essa é uma ilusão de ótica
criada pelo falso eu. Criada pelo eu sofredor. Neste caso você vai precisar
errar. Vai ter que aprender através dos seus erros. Vai ter que cair e se
levantar, olhar por que você caiu, e aprender a realmente a diferenciar;
aprender a discernir o falso do real.
Na
dúvida pergunte, pergunte para mim dentro de você. Eu estou sempre disposto a
lhe responder. E às vezes, a luminosidade está realmente equilibrada para os
dois lados, e neste caso realmente tanto faz você ir para a esquerda ou para a
direita. Se você vai para a direita, nunca vai saber como seria se tivesse ido
para a esquerda.
Se
você vai para a esquerda, nunca vai saber como teria sido se tivesse ido para a
direita. E aí você precisa aprender a deixar, como deixar ir o passado.
Escolheu a direita, esqueça a esquerda, porque se você escolheu ir para a
direita e diante dos primeiros desafios você começar a se lamentar, aí você
está realmente em uma situação difícil, porque dependendo de onde você está
nesta escolha, não tem como voltar mais.
Dependendo
até dá e você dá meia volta e ok, eu errei e dá um balão e volta, mas
dependendo de onde você está não dá mais para voltar. Porque em cada escolha,
você vai criando uma rede de karmas, e então você precisa aprender a renunciar
a outra possibilidade e ir renovando a presença. É aqui que eu estou. Aqui e
agora. O que passou, passou.
A
culpa é um veneno que vai minando toda a sua força. Um dos elementos da culpa é
o crítico interno, que te critica por ter feito uma escolha errada por isso e
por aquilo. São elementos utilizados pelo eu idealizado, que cobra de você uma
perfeição que você não tem para dar.
Então,
você escolheu o caminho? Relaxe e siga em frente para ver onde ele desemboca. É
uma aventura. E uma das premissas para você viver essa aventura é realmente
acordar a sabedoria da incerteza. Você tem que abrir mão do controle, mas isso
é uma passagem para o seu aprendizado. Você está no caminho para aprender a
como ouvir o seu coração.
Isso
é possível em todos os estágios da jornada. Agora mesmo, por exemplo, eu tive
que escolher participar ou não do Festival Internacional de Yoga, porque eu
estou com uma agenda muito apertada e eu tive que escolher não ir. Aí encontrei
o Muniji e ele disse: “Então vamos pelo menos lá no Arati. Se não pode ir e dar
um satsang no Festival, pelo menos vai e faz o Arati, leva o pessoal para
jantar”. E a balança está realmente 50% x 50%. Quem tem uma moeda aí? Estou
falando sério. Chegou uma moeda aqui. Então, cara – eu vou, e coroa – eu não
vou. Aí eu me concentro no Maharaji que ele é a luz na minha vida, ele me guia.
Três vezes: 1- Deu coroa (não). 2- Deu coroa de novo e então eu não vou.
(risos).
Parece
brincadeira, mas é verdade. Eu estou no limite, com muito trabalho e eu tenho
que fazer algumas escolhas. Eu amo o Muniji, eu amo estar junto, mas às vezes
tenho que saber se não é demais. Mas como eu sei que se eu forço um pouquinho,
eu consigo fazer, fiquei na dúvida: Vou ou não vou? Então, é uma forma de
resolver.
Claro
que dependendo de como você utiliza este recurso você pode ficar pensando: Será
que é isso mesmo? E joga de novo. Você pode ficar nisso muito tempo. Então,
tomada a decisão, você tem que se entregar para essa decisão e lidar com as
consequências. Tenha a confiança de seguir a sua jornada, mesmo correndo o
risco de errar.
Eu
disse que escolhi não participar do Festival de Yoga deste ano, mas ano que vem
pode ser. Escolhi não participar do Arati hoje, mas amanhã, quem sabe?
Abençoado
seja cada um de vocês. Que o amor e a sabedoria iluminem seus passos.
Até
o nosso próximo encontro.
Namaste.
Autor: Prem
Baba
Fonte
primária: http://www.sriprembaba.org/pt-br
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no Facebook: https://www.facebook.com/sachchaprembaba
Fonte
secundária: Trabalhadores da Luz
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