Em
algum momento do passado, alguém inventou que precisávamos criar um padrão
comum de trabalho.
Que
deveríamos trabalhar por cinco ou seis dias e descansar por um ou dois.
Depois
alguém inventou que precisávamos trabalhar oito horas por dia, quarenta horas
por semana.
E
agora a gente tem que ficar conectado o tempo inteiro e não pode ficar offline
se quiser prosperar no mercado de trabalho. Enquanto você está o desconectado,
tem um cara conectado e trabalhando, passando por cima de você.
Mais
uma vez eu questiono:
Quem
inventou tudo isso?
E
quem disse que eu preciso concordar?
O
normal é viver no piloto automático e fazer as coisas sem questionar nada,
afinal de contas, é assim que o mundo funciona e é assim que as coisas são.
Eu
nunca aceitei muito bem essas respostas do tipo “é assim mesmo”, “fazer o que”,
“todo mundo faz”.
Acho
que na minha infância eu ficava mordido por essas respostas, mas confesso que
acabei sendo adestrado. Eu mesmo comecei a usar muitas dessas respostas.
Especialmente quando queria justificar algo que eu replicava dos outros. Coisas
do tipo, “ah, mas todo mundo bebe”, ou “todo mundo tem que trabalhar de
segunda-feira”, “todo mundo precisa acordar cedo”, “todo mundo tem que fazer
faculdade”.
Quando
a frase começa com “todo mundo tem que…”, você deveria parar de escutar, porque
provavelmente vem alguma mentira que fizeram você acreditar.
Você
é livre. Sempre foi e vai continuar sendo.
Somente
precisa se desatar de todos os nós que lhe foram aplicados. De todas as falsas
ideias que foram plantadas em você.
Você
não precisa fazer nada.
Você
somente deve fazer o que você quer. E isso é tudo.
Eu
acredito de verdade nisso. E não sou um anarquista. Não quero o caos. Eu
acredito na ordem. Mas na ordem natural das coisas.
Eu
quero apenas que a gente possa viver um mundo livre.
Onde
cada um tenha a possibilidade de ser quem é de verdade.
Quando
começo a falar sobre isso, sempre surgem os mesmos questionamentos.
“Se
todo mundo só fizer o que quiser, não haverá quem faça o trabalho sujo que
ninguém quer fazer, como limpar o banheiro, por exemplo.”
Quando
o banheiro começar a ficar sujo, você vai querer que ele fique limpo. Então
você vai querer limpar o banheiro.
“Sempre
vai ter um que vai fazer mais que os outros e uns que não vão fazer nada.”
Quando
mais se evolui num senso de comunidade, mais você tem vontade de fazer para
servir o grupo e o todo.
Lembre-se
de quando você foi viajar com seus amigos. Sempre tinha alguém que fazia mais e
outro que fazia menos. E nem por isso você deixava de fazer a sua parte. Você
entrava no trabalha braçal, ajudava na faxina, lavava louça. E ficava tudo bem.
Vocês estavam juntos, estavam se divertindo e estavam felizes.
“Se
você deixar as pessoas fazerem o que elas quiserem, vai ter gente que só vai
ficar na piscina ou no ócio.”
Talvez
isso possa acontecer nos primeiros dias. Mas depois de um tempo no ócio, você
sente vontade de produzir algo. De contribuir com os outros. De contribuir com
o grupo e com a sociedade.
No
ócio, é provável que você comece a se escutar mais. E quanto mais você se
escuta, mais seu coração fala com você. E ele sempre te orienta naquilo que
você deve fazer de mais grandioso.
Você
veio com uma missão aqui. Não veio para ficar na piscina o dia inteiro.
Quando
você dá espaço, você se lembra.
E
quando você se lembra do que veio fazer aqui, sua vida fica muito mais
interessante.
E
a vida passa a te ajudar. A vida passa a tomar conta de quem está fazendo o que
veio fazer aqui.
Nós
estamos empreendendo em um modelo que temos chamado de “EMPRESA LIVRE”.
Cada um é livre para ser quem é de verdade. Para escolher como quer se
envolver, em qual atividade, por quanto tempo e de onde quer trabalhar.
Tem
sido uma grande experiência. Um grande desafio com muitos aprendizados, mas que
a cada dia me reforça o quanto acredito nesse modelo. A cada dia tenho mais
convicção de que o caminho que nossa sociedade seguiu não faz sentido algum. E
que talvez, esse sentido contrário que estamos seguindo, possa estar certo.
E
tudo isso me dá força para arriscar mais, para explorar mais possibilidades,
para questionar mais.
Quanto
mais eu questiono, mais eu lembro. E quanto mais eu lembro, mais próximo de mim
mesmo eu fico.
Autor: Gustavo Tanaka
Autor do Livro "11 Dias de Despertar"
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