O
seu corpo não é simplesmente físico. Muitas coisas penetraram nos seus
músculos, na estrutura do seu corpo, por meio da repressão. Se reprimir a
raiva, o veneno vai para o seu corpo. Vai para os músculos, vai para o sangue.
Quando você reprime alguma coisa, isso deixa de ser apenas um fenômeno mental e
passa a ser físico também — porque, na verdade, você não está dividido. Você
não é corpo “e” mente; você é corpomente, psicossomático. Você é as duas coisas
ao mesmo tempo. Portanto, qualquer coisa impingida ao corpo afeta a mente e
qualquer coisa impingida à mente afeta o corpo. Corpo e mente são dois aspectos
da mesma entidade.
Por
exemplo, quando fica com raiva, o que acontece com o corpo? Sempre que você
fica com raiva, alguns venenos são liberados no seu sangue. Sem esses venenos
você não enlouqueceria a ponto de ficar encolerizado. Você tem certas glândulas
no corpo e essas glândulas liberam determinadas substâncias químicas. Ora, isso
é científico, não é só filosofia. O seu sangue fica envenenado. É por isso que,
se tomado de raiva, você pode fazer coisas que normalmente não faria. Quando
está com raiva, você consegue empurrar uma grande rocha — o que não conseguiria
normalmente. Você mal consegue acreditar depois, ao ver que conseguiu empurrar
a rocha, atirá-la longe ou erguê-la. Quando volta ao normal, você não consegue
mais erguê-la, porque já não é mais o mesmo. Certas substâncias químicas
estavam circulando na corrente sanguínea, você vivia um estado de emergência; toda
a sua energia foi canalizada para a ação.
Mas,
quando um animal fica enraivecido, ele simplesmente fica enraivecido. Ele não
tem nenhuma moralidade quanto a isso, nada lhe foi ensinado a respeito; ele
simplesmente fica enraivecido e a raiva é expressada. Quando você fica com
raiva, a sua raiva é parecida com a de qualquer animal, mas então existe a
sociedade, a moralidade, a etiqueta e milhares de outras coisas. Você abafa a
raiva. Tem de mostrar que não está com raiva, tem de sorrir um sorriso falso. Você
força um sorriso e abafa a raiva. O que acontece com o seu corpo? O corpo está
pronto para brigar — ou brigar ou tugir do perigo, ou enfrentá-lo ou fugir
dele. O corpo está pronto para fazer alguma coisa — a raiva é só a prontidão
para fazer alguma coisa. O corpo ia ser violento, agressivo.
Se
você pudesse ser violento e agressivo, então a energia seria extravasada. Mas
você não pode — não é conveniente, por isso você a abafa. Então o que
acontecerá com todos esses músculos que estavam prontos para ser agressivos?
Eles ficarão atrofiados. A energia os está pressionando para serem agressivos e
você está fazendo uma pressão contrária para que não sejam. Haverá um conflito.
Nos seus músculos, no seu sangue, nos tecidos do seu corpo haverá um conflito.
Eles estão prontos para expressar algo e você os pressiona para que não se
expressem. Você está reprimindo os seus músculos. Então o corpo fica atrofiado.
Isso acontece com todas as emoções, dia após dia, durante anos. Então o corpo
fica todo atrofiado. Todos os nervos ficam atrofiados; deixam de fluir, não são
mais caldais, não estão mais vivos. Eles ficam mortos, foram envenenados e
ficaram todos emaranhados. Não são mais naturais.
Olhe
qualquer animal e veja a graça do corpo dele. O que acontece ao corpo humano?
Por que não é tão gracioso? Todo animal é gracioso — por que o corpo humano não
é? O que lhe aconteceu? Você tem feito algo a ele. Você o tem destroçado, e a
espontaneidade natural do seu fluxo já não existe mais. Ele ficou estagnado. Em
todas as partes do seu corpo existe veneno. Em todos os músculos do seu corpo
existe raiva reprimida, sexualidade reprimida, ganância reprimida, ciúme, ódio.
Tudo é reprimido ali. Seu corpo está realmente doente.
Os psicólogos dizem que criamos uma armadura em torno do corpo e essa armadura é o problema. Se lhe permitem expressão total quando está com raiva, o que você faz? Quando está com raiva, você começa a ranger os dentes; você quer fazer alguma coisa com as unhas e com as mãos, porque é desse modo que a sua herança animal expressa a raiva. Você quer fazer alguma coisa com as mãos, destruir algo. Se não faz nada com os dedos, eles ficam atrofiados; perdem a graça, a beleza. Não serão mais membros vivos. E o veneno fica represado ali, por isso, quando você dá a mão a alguém, não acontece um toque de verdade, não existe vida, as suas mãos estão mortas.
Você
consegue sentir isso. Toque a mão de uma criança pequena: há uma diferença
sutil. Se a criança não quer dar a mão a você, ela não força; se retrai. Não
dará a você uma mão morta, simplesmente tirará a mão. Mas, se ela quer lhe dar
a mão, você sente como se a mão dela estivesse derretendo na sua. O calor, o
fluxo — como se a criança toda estivesse vindo para a sua mão. Com o próprio
toque ela expressa todo o amor que é possível expressar.
Mas
a mesma criança, ao crescer, dará a mão como se ela fosse apenas um instrumento
morto. Ela não acompanha esse movimento, ela não flui por meio dele. Isso
acontece porque existem bloqueios. A raiva está bloqueada, e, de fato, antes
que a mão possa ganhar vida novamente para expressar amor, ela terá de passar
por uma verdadeira agonia, terá de passar por uma expressão profunda da raiva.
Se a raiva não for extravasada, ela bloqueará a sua energia, não deixando o
amor fluir.
Todo
o seu corpo ficou bloqueado, não só as mãos. Por isso você pode abraçar alguém,
pode aproximar alguém do seu peito, mas isso não significa que esteja
aproximando essa pessoa do seu coração. São duas coisas diferentes. Você pode
aproximar alguém do seu peito — esse é um fenômeno físico. Mas, se você tem uma
armadura em torno do coração, tem um bloqueio emocional, então a pessoa
continuará tão distante quanto antes;nenhuma intimidade é possível. Mas, se
realmente trouxer a pessoa para perto de você, sem que exista nenhuma armadura,
nenhum muro entre você e ela, então o seu coração se derreterá no coração dela.
Haverá uma fusão, uma comunhão.
Quando
o seu corpo voltar a ser receptivo e não houver nenhum bloqueio, nenhum veneno
em torno dele, você estará sempre envolvido por um sentimento sutil de alegria.
Seja o que for que esteja fazendo ou deixando de fazer, o seu corpo sempre
estará envolto numa sutil vibração de alegria. Na realidade, a alegria só
significa que o seu corpo é uma sinfonia, nada mais — que ele está num ritmo
musical, só isso. Alegria não é prazer; o prazer sempre deriva de outra coisa.
A alegria é simplesmente ser você mesmo — estar vivo, absolutamente vibrante,
vital. O sentimento de que há uma música sutil em torno do seu corpo e dentro
dele, uma sinfonia — isso é alegria. Você fica alegre quando o seu corpo está
fluindo, quando ele é como o fluxo de um rio.
Osho,
em “Saúde Emocional: Transforme o Medo, a Raiva e o Ciúme em Energia Criativa”
Fonte: Blog Luz e Vida
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