Pergunta a Osho: "Fico doente com muita facilidade e
acho que isso tem relação com o fato de me esforçar demais. Quando isso
acontece, não me sinto mais conectado ao meu centro e o corpo adoece."
Osho: Todo mundo tem de entender o funcionamento do próprio corpo. Se está
tentando fazer algo além do que o seu corpo pode tolerar, mais cedo ou mais
tarde ficará doente.
Existe um limite para o que você pode impingir ao corpo,
então chega o momento em que ele não aguenta mais. Pode estar trabalhando
demais. Para as outras pessoas, pode não parecer que você está trabalhando
tanto, mas isso não interessa. O seu corpo não aguenta tanto esforço, você tem
de descansar.
E o resultado final será o mesmo. Em vez de trabalhar por duas ou
três semanas e depois descansar durante um período equivalente, trabalhe por
seis semanas seguidas, mas reduza o esforço pela metade... é simples
aritmética.
E é muito perigoso trabalhar demais porque pode prejudicar muitas
coisas frágeis no corpo - você se sobrecarrega de trabalho e depois fica
exausto, deprimido, se joga na cama e se sente mal com relação a todas as
coisas.
Reduza o ritmo, vá mais devagar em tudo o que fizer. Por exemplo, pare
de andar do jeito que anda. Ande devagar, respire devagar, fale devagar. Coma
devagar: se você costuma levar 30 minutos para fazer uma refeição, leve 40
minutos. Tome banho devagar: se está acostumado a tomar banho em 10 minutos,
prolongue o banho por 30 minutos.
Não estou falando apenas de seu lado
profissional. Nas 24 horas do dia, tudo tem de ser reduzido, o ritmo tem de
voltar para o mínimo, para a metade. Tem de ser uma mudança em todo o padrão e
estilo de vida.
Fale mais devagar, leia mais devagar, pois a mente tende a
fazer tudo de uma determinada maneira. A pessoa que trabalha muito lê rápido,
fala rápido, come rápido - é uma obsessão. Seja lá o que estiver fazendo, ela o
fará rapidamente, mesmo quando não houver necessidade. É o seu mecanismo
automático e passa a ser uma característica quase inerente.
Pare com isso. De
hoje em diante, reduza tudo pela metade. Levante-se devagar, ande devagar. E
isso também lhe dará uma consciência maior, pois, quando fizer alguma coisa
mais lentamente, ficará alerta ao que está fazendo. Quando move a mão depressa,
faz o movimento de forma mecânica.
Se quiser ir mais devagar, terá de fazer
isso conscientemente. Não é uma questão de falta de capacidade, é uma questão
de ritmo. Cada pessoa possui seu próprio ritmo e tem de se movimentar de acordo
com ele. Você pode trabalhar o suficiente obedecendo a esse ritmo, e acho até
que poderá trabalhar mais. Depois que chegar ao seu ritmo certo, conseguirá
fazer muito mais.
Seu trabalho não será febril, transcorrerá de um jeito muito
mais suave e você será capaz de produzir mais. Existem pessoas que trabalham
devagar, mas essa lentidão tem suas qualidades. E, na verdade, são as melhores
qualidades. A pessoa que trabalha rápido pode ser quantitativamente melhor.
Consegue produzir mais, mas, qualitativamente, nunca será muito eficiente.
A
pessoa que trabalha devagar faz as coisas com mais qualidade. Toda a energia
dela flui numa dimensão qualitativa. A quantidade pode não ser grande, mas não
é o importante. Se você puder fazer poucas coisas, mas bem-feitas, quase
perfeitas, se sentirá muito feliz e realizado. Não há necessidade de fazer
muitas. Se conseguir até mesmo fazer uma única coisa que cause extremo
contentamento, isso basta; sua vida estará preenchida.
Não existe o que as
pessoas chamam de natureza humana. Existem tantas naturezas humanas quanto
existem seres humanos, por isso não há critério. Uma pessoa corre velozmente, a
outra anda devagar. Não se pode comparar as duas, porque estão separadas, ambas
são totalmente únicas e individuais. Portanto, não se preocupe com isso.
Essa
preocupação vem da comparação. Você vê que alguém está trabalhando duro e não
precisa dormir, enquanto você faz uma só coisa e precisa ir para a cama. Por
isso se sente mal, acha que não tem a capacidade que deveria.
Mas quem é essa
outra pessoa e como é possível comparar-se a ela? Você é você e ela é ela. Se
ela for obrigada a diminuir o ritmo, pode ficar doente. Ela estará indo contra
a natureza dela. O que você está fazendo é ir contra a sua natureza - portanto,
fique atento à sua essência.
Sempre ouça seu corpo. Ele sussurra, nunca grita,
porque não pode gritar. Ele transmite suas mensagens sussurrando. Se você ficar
alerta, será capaz de entendê-lo. E o corpo tem uma sabedoria só dele, muito
mais profunda que a da mente.
O corpo ainda detém o controle de todas as coisas
básicas. Só as coisas inúteis foram atribuídas à mente: pensar.
As
funções mais básicas - respiração, digestão, circulação do sangue - estão sob o
controle do corpo, enquanto apenas os luxos foram dados à mente.
Ouça seu corpo
e nunca faça comparações. Nunca antes existiu alguém como você e nunca
existirá. Você é absolutamente único -no passado, no presente e no futuro. Não
é possível comparar-se com alguém e também não é possível imitar outra
pessoa.
Osho, em "Corpo e Mente em Equilíbrio"
Imagem por stuartpilbrow
Veja mais Osho Aqui